Integrado no programa de actividades do 2º
Aniversário do CAI – Clube Autocaravanista Itinerante decorreu, no Auditório
António Chainho em Santiago do Cacém, o colóquio subordinado ao tema em titulo
neste artigo.
Pela qualidade dos oradores, pela maneira como foi
abordada a actividade autocaravanista e pela atitude em relação a ela
demonstrada por alguns dos oradores presentes, os quais detêm responsabilidades
nos sectores da Administração local, do Turismo, do Planeamento e da fiscalização,
julgo estarmos todos de parabéns.
Vale a pena referir que este colóquio foi aberto à
população em geral, tendo sido mesmo dirigidos convites aos comerciantes locais
para nele estarem presentes.
Por ordem de “entrada em cena” tivemos o privilégio de
ouvir:
O Presidente
da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, nosso anfitrião, faz-nos desejar
que todos (ou pelo menos a maioria) dos autarcas deste País escolhessem as suas
opções e pontos de vista em relação à nossa actividade preferida. Em vez de repressão,
criação das condições necessárias para a recepção dos autocaravanistas, os
quais são reconhecidos como catalisadores do comércio local e utilizadores
privilegiados dos espaços culturais e lúdicos da região. Para o demonstrar,
para além da maneira fidalga como nos recebeu no seu concelho, fica a
inauguração de uma Área de Serviço para AC, com promessa de implementação para
um futuro possível de, pelo menos uma outra estrutura, lá mais para os lados do
mar oceano.
A sócia do CAI,
Maria Isabel Wissmann Mesquita,
deu-nos uma breve introdução ao comércio de autocaravanas (e caravanas) em
Portugal. No âmbito do encontro que serviu de quadro a estas actividades a sua
empresa fez deslocar para Santiago do Cacém duas autocaravanas que fizeram uma
sessão “portas abertas” para a população local. O interior de uma AC, que para
muitos de nós é uma segunda casa, não é evidente para a grande maioria das
pessoas. Uma AC esteve à disposição do público em geral para visita junto ao
mercado de Santiago do Cacém na manhã de sábado dia 25. A adesão do público foi
grande e, para muitos, houve como que uma espécie de desmistificação em relação
às condições de vida no interior daqueles veículos que eles vêm passar mas que
não tinham a mínima ideia de como viver no interior.
O colóquio,
superiormente moderado pelo sócio do CAI e grande dinamizador deste encontro,
Fernando Malão, continuou com:
Intervenção da Guarda
Nacional Republicana a qual, tendo sido convidada a fazer-se representar no
colóquio, o fez com agrado na pessoa do Sargento José Fortunato responsável por uma estrutura de
controle ambiental no território. Foi sublinhada a atitude da autoridade em
relação ao autocaravanismo que todos desejamos mais “pedagógica” e menos
repressiva. Como no colóquio se dava
espaço para perguntas dos presentes, foi o representante da autoridade
questionado no sentido de se considerava a actual legislação regendo a
actividade autocaravanista adequada e suficiente para as necessidades. A dúvida
ficou a pairar no ar mas não foi cabalmente respondida.
Seguiu-se uma intervenção da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo na pessoa do Dr.
António Lacerda. Esta foi uma intervenção brilhante, tanto pela qualidade do
orador e pelo amor que demonstra pelo “seu” Alentejo, como pelas posições que
tomou em relação à actividade autocaravanista e pelo conhecimento que dela
patenteou. Para os praticantes desta modalidade de turismo é reconfortante
sentir-se acarinhado, bem-vindo, reconhecido não como parte do problema, mas
antes, como parte da solução da actividade turística em Portugal e mais
especificamente no Alentejo. Foi reconhecido que a legislação disponível para o
sector é desadequada e insuficiente; foi também reconhecido que os interesses
dos autocaravanistas e dos proprietários dos Parques de Campismo não são
coincidentes. Uns e outros têm razão e é preciso trabalhar no sentido de
acertar os anseios e necessidades das duas partes.
Os trabalhos encerraram com uma longa e interessante
intervenção do representante da Comissão
de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR-A), Dr.
Alexandre Domingues. Mais uma vez nos sentimos reconfortados enquanto
praticantes desta modalidade de turismo itinerante; somos considerados úteis,
desejáveis, contribuidores para a economia dos locais que frequentamos,
ecologicamente responsáveis, utilizadores privilegiados e esclarecidos dos
equipamentos públicos e da Natureza. A CCDR-A tem sensibilizado as autarquias
do Algarve para o autocaravanismo e os resultados estão a fazer-se sentir; as
AS para AC e os Parques para AC públicos e privados estão a surgir a um ritmo
acelerado. Abriram mais nos últimos quatro meses do que na totalidade dos vinte
anos precedentes. O Dr. Alexandre Domingues não encara como necessidade
imediata mais legislação para o sector (com o que discordo), mas antes que as
autarquias criem primeiro as condições para receber convenientemente os
autocaravanistas e só depois, por intermédio de pequenas posturas municipais
muito simples, regulamentem a actividade. Considera ainda que a utilização
dessas estruturas, mesmo as públicas, deve ser paga com moderação (com o que estou
de acordo), segundo o principio do utilizador pagador. Com efeito, a construção
e manutenção dessas estruturas implica despesas para as autarquias, não devendo
os munícipes respectivos serem obrigados, com os seus impostos, a financiar a
nossa actividade. Foi ainda reconhecida a desadequação entre a oferta dos
Parques de Campismo e os anseios e necessidades da maioria dos
autocaravanistas.
O “malvado” relógio não permitiu que o assunto fosse
esgotado e teve que ser encerrada a sessão.
Está de parabéns o AUTOCARAVANISMO pelo que se passou
neste colóquio e está de parabéns a Direcção do CAI.
Uma última palavra.
Constatámos com amargura a inexplicável ausência da
Federação Portuguesa de Autocaravanismo. Sabemos que a sua Direcção foi convidada
para se fazer representar mas não o considerou útil nem necessário. Como
simples sócio de clubes não tenho o direito de interpelar directamente a
Federação mas acho que tenho o direito e o dever de interpelar os Clubes de que
sou sócio, o CAI e o CAS, sobre o assunto: companheiros o autocaravanismo
enquanto turismo itinerante precisa da Federação Portuguesa de Autocaravanismo.
Façam-na
trabalhar para os fins para que foi criada, por favor!
Caro Senhor,
ResponderEliminarCumpre-me repor a verdade que a parte final desta sua mensagem feriu, acreditamos que por desconhecimento ou deficiente informação.
Em 13 de Janeiro a FPA foi informada da futura realização do colóquio.
Em 27 de Janeiro (um mês antes do colóquio) a FPA informou o CAI da sua intenção de participar.
Em 3 de Fevereiro o CAI informou a FPA que, passo a citar: “ A organização do coloquio já foi fechada, pois tudo tem o seu timming e prazos a serem cumpridos para que se apresente um projecto em condições para ser entregue a quem nos recebe e organiza o evento.
Por este motivo, a FPA nao poderá estar no coloquio enquanto orador, limitar-se-á a observar como publico.”
O CAI na sua mensagem inicial de 13 de Janeiro não informou a FPA de qualquer data limite para a resposta e conhecedor dos contactos telefónicos da FPA não fez qualquer tentativa para obter confirmação da participação que, para um clube dito fundador, seria obviamente de admitir como essencial.
Confrontada com a resposta que acima se transcreve a única posição digna a assumir pela FPA foi, passo a citar: “É absolutamente impensável assistir ao colóquio da forma como o CAI afirma. Se o fizéssemos só estaríamos a enfraquecer a imagem da FPA, coisa que parece não importar ao CAI” (em mensagem de 6 de Fevereiro)
Deveríamos aceitar ser marginalizados? Claro que não!
Caro Senhor não lhe deram a informação completa e presumo que não tenha tentado saber por que razão a FPA não teria participado. Aqui fica a verdade (temos gravadas todas as mensagens a que fazemos referência). Espero que faça a devida divulgação desta informação para que se reponha a verdade e a imagem da FPA não saia prejudicada.
Saudações
José Ricardo da Silva Pires
Presidente da FPA
O tom desta "interpelação" fez-me duvidar sobre se valeria a pena publicá-la ou dar-lhe qualquer importância.
EliminarOptei por publicar porque acho que demonstra bem a pequenez de quem a escreve e demonstra também, se necessidade ainda houvesse, o erro na escolha da pessoa a quem os Clubes decidiram entregar os destinos da tão necessária Federação Autocaravanista.
Mas esta não é a "minha guerra" e ela acaba aqui!
Como autocaravanista, sócio do CAI e do CAS, apenas me compete exigir aos clubes em que sou filiado que me esclareçam sobre o trabalho levado a cabo pela Federação nestes meses de existência.
E se ele foi nulo que resolvam o assunto!