segunda-feira, 16 de novembro de 2009

GRANADA




Dá-lhe esmola, mulher,
que na vida não há nada
como a dor de ser cego
em Granada.

Este dito popular, inscrito num muro do Alhambra, evoca a beleza desta cidade, da sua localização privilegiada e das suas impressionantes jóias artísticas criadas pelo homem.
Na impossibilidade de tudo ver, optámos pelo Alhambra, pela Catedral e pela Capela Real.
A visita ao Alhambra tomou-nos um dia completo. Há que realçar, pelo menos, quatro visitas distintas: os Palácios Nazaries, o Palácio de Carlos V, a Alcazaba e o Generalife.
Os Palácios Nazaries constituem o núcleo central das construções. Nada no seu exterior nos prepara para a sua beleza interior; a variedade e originalidade decorativa das suas abobadas em moçárabes, cúpulas e estuques, a que se unem a água e a luz enquanto elementos arquitectónicos fazem deles uma jóia de valor incalculável. Os Palácios organizam-se em torno de três pátios: o Pátio do Quarto Dourado, o Pátio dos Arrayanes e o Pátio dos Leões. É impossível no âmbito dum post descrever a beleza das decorações dos Palácios Nazaries: no entanto não queremos deixar de expressar a opinião de que os homens que sentiram a necessidade de se rodear de tais refinamentos deveriam ter um nível cultural muito elevado. O Alhambra fascina pela sua arquitectura, engalanada por água e jardins, que plasma a tradição do “paraíso” Corânico. Pode surpreender que um poder político, na altura em decadência, tenha construído essa obra prima e que os avatares da história a tenham respeitado.
O Palácio de Carlos V, mandado construir em 1526 pelo imperador com o mesmo nome (e financiado com os impostos cobrados aos Mouros!) contrasta com os anteriores. O exterior tem alguma grandiosidade mas, na nossa opinião, pesada. A planta é de grande simplicidade, um circulo inscrito num quadrado; as fachadas constam de um corpo inferior pesadamente almofadado e de um superior compartimentado por pilastras jónicas. A decoração interior que se conserva é pobre. Confessamos que em comparação com os Palácios Nazaries este não nos conseguiu impressionar.
A Alcazaba é a parte mais antiga do conjunto; trata-se de um conjunto de fortalezas e muralhas, constituiu a parte militar do Alhambra. Na praça de armas existem restos do bairro castrense, dominados pelo volume da Torre da Vela, baluarte histórico em que foram içadas as bandeiras dos Reis Católicos aquando da conquista da cidade.
O Generalife é na essência uma residência de Verão que já estaria construída em 1319, sendo assim anterior aos outros palácios do Alhambra. Compõe-se de uma zona apalaçada simples, rodeada por magníficos jardins em terraços, nos quais mais uma vez a água joga um papel determinante.
Para a visita à Catedral entra-se pela Gran Via de Colón embora a fachada principal se encontre na Praça de las Pasiegas. A apreciação exterior do monumento é dificultada pelo seu encravamento entre os imóveis circundantes; de qualquer modo a fachada tem uma certa imponência embora sem comparação com, por exemplo, Chartres. O inicio da construção foi em 1518 mas, tendo as obras durado quase dois séculos, nasceu gótica e foi terminada como renascentista. O interior é majestoso pelas suas proporções e também pela decoração da capela principal, circular e muito alta. Destaca-se ainda a beleza dos orgãos.
Na Capela Real, de grande dignidade e riqueza são notáveis os túmulos em mármore dos Reis Católicos. Estes, desejando ser enterrados nesta cidade que tanta glória lhes tinha proporcionado mandaram construir, para o efeito, esta capela.
Aqui se deu por terminada a visita a Granada.
Nota técnica: Mais uma vez a viagem entre Córdova e Granada decorreu por auto-estrada gratuita. Como alojamento em Granada escolhemos o PC “Reina Isabel”. Está a curta distância do centro da cidade, e o transporte público pára à porta(viagem de cerca de 15 minutos, 1,10 €). Está classificado como de 2ª categoria, as instalações são muito correctas . A ligação Internet custa 3 €/24 horas. Integrado na ACSI, a pernoita custa 15 €/dia .
Uma das principais parcelas da despesas de viagem estão a ser as entradas em monumentos; para dois, no conjunto de Sevilha, Córdova e Granada e não visitando tudo, mas apenas o que considerámos mais importante, já lá vão 150 €.
A partir daqui a viagem muda de cariz, de cultural para de natureza. De Granada vamos para o Cabo da Gata e depois fazer a costa sul de Espanha até Portugal.
De notar ainda que, desde que saímos de Portugal a 7 de Novembro, temos sido bafejados por um tempo de quase Verão com sol e temperaturas estivais.

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