Continuámos viagem com destino final Figuig e escala num local chamado Iche. Em dialecto local, Iche quer dizer “isolado” ou “único”. Copiando o que disse um viajante em 2007 “Iche não se descreve, não se conta, não se parece com nada daquilo que conheçamos. È necessário lá ir, lá viver. Adora-se ou dá-se meia volta. Nós amámos apaixonadamente” .
Da estrada principal, que de Bouarfa segue em direcção a Figuig, tomamos um desvio de 72 km que nos leva a Iche. A estrada embora estreita está alcatroada e não é melhor nem pior que muitas estradas regionais portuguesas. Mais uma vez é uma paisagem lunar, onde os únicos habitantes que encontramos são, para além dos inúmeros lagartos, alguns pastores com rebanhos de cabras e ovelhas.
De repente, chegamos a Iche e ao seu posto de contrôle com militares do exército marroquino. É bom saber que Iche faz fronteira com a Argélia. Militares de uma simpatia extrema que, depois de nos identificarem, chamaram a nosso pedido, aquele que iria ser o nosso guia “turistico” local, recomendado por Abdelatif, Mohammed Allal. Este, desempenha funções como professor de francês para as crianças locais, faz alfabetização das mulheres do local, faz de guia turistico aos viajantes que decidem ir a Iche.
Estas pessoas vivem num estado de carência total. O que não obstou a que nos convidassem para sua casa, onde numa primeira fase tomámos um chá, depois distribuimos pelas crianças locais os artigos escolares que tinhamos levado e posteriormente almoçámos um couscous preparado pela dona da casa e comido da maneira mais tradicional que se possa imaginar.
O pudor impede-nos de dar descrições detalhadas deste momento de partilha, mas garanto-vos que foi um outro ponto muito alto da viagem. Abandonámos Iche mais ricos, mas uma grande parte da viagem para Figuig foi feita em silêncio. Certos momentos não se comentam interiorizam-se!
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