Estamos em Ouarzazate.
Depois do vale das mil Kasbahs. Depois de uma paragem em El-Kelaâ M’Gouna, na Cooperativa Artesanal dos Punhais Azlag, pelo Vale do Dadès, chegámos a Skoura e ao seu magnifico palmar. Dirigimo-nos ao Camping Amrhidil, no coração do palmar e em frente da Kasbah. Depois de instalados, contactámos Abdoul que se propõs servir-nos de guia para uma visita ao palmar, às kasbahs, ksours e outros mellahs. Assim aconteceu, num passeio de cerca de três horas. Os nossos olhos e o nosso cérebro registaram estes vestigios de civilizações que por aqui passaram, do século XIII até ao presente, e que deixaram monumentos de terra e palha (pisé) que ainda hoje nos encantam (a nossa máquina fotográfica também mas a ligação Internet que temos só muito erráticamente nos permite publicar alguns testemunhos deste nosso deslumbramento). Depois do passeio e de um duche com água aquecida por lenha, nas casas de banho mais rústicas que possam imaginar, mas também as mais limpas que encontrámos até agora, banqueteámo-nos com um couscous preparado pela esposa do proprietário do camping, uma berbere com quem muito gostariamos de ter conversado mas que só falava a sua lingua natal. Enfim, conseguimos fazer-lhe compreender que a refeição que nos preparou estava excelente.
No dia seguinte, 38 km até ao Camping Municipal de Ouarzazate, onde acampámos para passar o fim de semana. Os contactos que fomos tendo com o Manuel Vitorino, concretizaram-se num encontro, como não poderia deixar de ser, para almoçar. Imaginem, duas AC, toldo com toldo, mesa com mesa, bandeira nacional desfraldada, Amália Rodrigues a cantar e Sopa de cação da Bia em cima da mesa. Durou para a maior parte da tarde (até às onze da noite, com a ajuda de umas línguas de porco cozinhadas também pela Bia). De uma maneira bastante solidária conseguimos ajudar o Manel e a Bia a continuarem a viagem com a AC mais leve. Bem hajam e continuação de boa viagem para nós todos.
Do nosso lado continuamos as visitas guiadas, tendo pedido a ajuda de Amou que nos mostrou com detalhe a Kasbah de Taourirt e o Ksar anexo. Visitámos uma Cooperativa de tapetes berberes (para o prazer dos olhos, porque compras evitamos ao máximo ou a AC dá cabo das suspensões), um Museu de arte berbere, misturada com vestigios da ocupação do ksar por judeus. No dia seguinte visitámos o Museu do Cinema onde se encontram guardados e visitáveis os ambientes em que foram filmados muitos filmes conhecidos. É o reino do gesso, do cartão e do “trompe l’oeil”. Uma boa parte do guarda roupa do “Gladiador” está ali exposto, infelizmente em péssimas condições. Amanhã vamos continuar, descendo até Zagora. A seguir logo veremos.
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