segunda-feira, 26 de abril de 2010

FÈS

Às 0830, depois de cumpridas as rotinas matinais encontrámo-nos na recepção do camping com o nosso guia para o dia que, por coincidência, era o indicado pelo Gandini ou seja Abdelali El Faddoul. Um pequeno autocarro de turismo seria a nossa montada , na companhia de nove outros autocaravanistas franceses.
E o dia não poderia começar de melhor maneira do que com um pequeno almoço tipicamente marroquino tomado num café com uma decoração digna das Mil e Uma Noites.
Restaurados os estõmagos deu-se inicio à visita turistica começando pelas emblemáticas Sete Portas do Palácio Real, um trabalho notável, tanto na sua vertente bronze como na dos azulejos (zelligues).
Entrámos depois a pé no Mellah (bairro judeu) com as suas impressionantes vielas. A construção das habitações é muito especifica pois, elas encontram-se ligadas entre si por passagens fechadas. As mulheres estando proibidas de vir à rua utilizavam essas passagens para visitar amigas ou parentes. Segundo parece haveriam mulheres que durante toda a sua vida nunca sairiam de casa até serem levadas para o cemitério.
Retomámos o transporte motorisado para uma visita aos Tumulos Merinidas. É impressionante a vista daqui sobre a Medina. É, parece, a maior do mundo com cerca de 25 km de perimetro e albergando no seu interior 600 mil habitantes, 350 mesquitas, 350 padarias e 350 escolas corânicas (madrassas).
Seguiu-se uma interessante visita a uma Escola de Olaria onde, para além da conhecida cerâmica com o azul de Fès, se ensina e pratica a arte do azulejo (zeligue).
Chegou entretanto a hora do almoço: o nosso guia conseguiu transformá-lo num evento cultural. Além da decoração no Palácio Tijani desfrutámos de:
Entradas marroquinas variadas, Tajine de Kefta com ovo e tomate e Pastilla de borracho.
Não foi comida, foi cultura gastronómica! Não resisto a fazer um comentário incivilizado. Faltou-me um vinho a acompanhar mas, naquele restaurante-lei seca.
Nada melhor como digestivo de um bom almoço que uma visita a uma alcaçaria (fábrica de curtumes), no caso a maior do mundo muçulmano a Chouwara e também a mais antiga pois parece datar de cerca do ano 1100 da nossa era, tendo mantido os métodos de trabalho práticamente sem mudanças. Todos os processamentos, tanto de curtume, como de tingimento são efectuados com a utilização exclusiva de produtos naturais com exclusão absoluta de qualquer quimico. Para obviar ao cheiro que emana do processo de tratamento das peles é oferecido a cada visitante um ramo de hortelã para manter perto do nariz. Aqui me estreei na discussão de preços: consegui comprar um belo objecto em cabedal. Foram-me  pedidos inicialmente 600 DH, consegui trazê-lo por 350, mas mesmo assim…..
Continuámos a nossa visita pela medina; Medersa Attarine, exterior do mausoléo de Moulay Idriss (interior vedado aos não muçulmanos), souk dos marceneiros e demonstração de medicina natural no souk dos ervanários.
Dia enriquecedor, mas insuficiente. A Medina de Fès ou se adora ou se odeia! Eu gostaria de ter a coragem de deambular pelas suas vielas, sentindo os diversos odores (alguns não muito bons, é verdade), cores, sons, multidão, riqueza, pobreza. Mas não tenho! Inspira-me medo, embora em nenhum momento tenha sentido qualquer insegurança ou atitude hostil da população. É a culpa da minha inabilidade para resistir ás constantes solicitações para dar, para comprar, para entrar, para ver, para……
Estou no inicio da viagem a Marrocos. Não sei o que ainda vamos encontrar. Mas, se voltar, vou tentar apreender melhor a medina de Fès.

3 comentários:

  1. Estou a acompanhar o vosso périplo...
    Vão dando notícias.
    O meu abraço
    António Resende

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  2. Companheiro
    As suas fotos e os relatos efectuados fazem-me sentir em viagem também. Desfrutem o melhor que puderem esse país maravilhoso e não se esqueçam dos ''banhos''nas praias inesquecíveis lá mais para baixo.
    Boa viagem
    PS: Levaram o vosso bichano?

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  3. Olá Victor!
    Pois é, para nós comidinha sem o belo tintol nem parece comida, mas temos de seguir os costumes para saber como é. Eu até com iogurte líquido já empurrei um almoço. Gostei das fotos publicadas.
    Continuação de boa viagem e discuta mais e não se mostre muito interessado, que eles baixam ainda mais os preços.
    Um abraço

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